Mês da Consciência Negra: Um resumo da representatividade nas empresas da associação e próximos passos

22 Nov 2019

Em novembro, dia 20, é comemorado o Dia da Consciência Negra, data criada em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder negro na luta pela libertação contra a escravidão. A data se estende ao mês e nele refletimos a luta diária pela representatividade em diversas áreas da sociedade. Fato é que o negro vem conquistando mais espaço na indústria criativa, mas ainda há, e principalmente no mercado de jogos, muito a percorrer. Em uma conversa com 4 profissionais negros das empresas associadas, é possível destacar o orgulho pela representatividade e o aumento da inclusão na cultura e na sociedade, reforçado nas relações cotidianas de trabalho.


“Antes de mais nada, me vejo como o indivíduo que eu sempre vi. Para mim todas as diversidades são importantes e não consigo dar mais peso para uma só por eu fazer parte dela. Tenho a sorte de trabalhar com pessoas inteligentes e esclarecidas, de forma que o dia-a-dia nunca me gerou qualquer tipo de estresse ou distanciamento da equipe por questões relacionadas à cor. Me sinto tão integrado quanto é possível para um introvertido sentir.”



, comenta Rodrigo Neves, Sócio-fundador e programador da Epopéia. Jana Beatriz, estudante de Jogos Digitais e artista freelancer complementa falando sobre sua rotina.


“Eu me percebo como minoria nos locais que frequento, mas vejo isso como forma de chamar demais pessoas a frequentarem estes locais. É algo do tipo ‘Eu posso, viu? Vocês também podem!’. Já no trabalho, meu dia a dia de é tranquilo, busco entender as demandas e executá-las da melhor forma cabível. Me sinto respeitada e tenho confiança nas pessoas com as quais trabalho.”



Algumas iniciativas, tanto pequenas e locais quanto realizadas por instituições e órgãos de maior abrangência, vem sendo cada vez mais realizadas e divulgadas. Porém, muitas vezes essa divulgação não é tão efetiva, chega a pequenos grupos ou é pouco compartilhada, fazendo com que os beneficiados tenham que estar o tempo todo muito bem informados e em busca dos incentivos.


“Hoje em dia tenho estado mais desligado nesses assuntos, até porque muitas vezes a informação para essas coisas só aparece para quem realmente vai em busca. Mas nos tempos de faculdade, por exemplo, fui ProUnista, e isso me ajudou muito a poder cursar algo que eu gostava, o que abriu muitas portas na minha carreira profissional.”



, afirma Felipi Macedo, tech artist da Monster Crossing Studio. Jana reforça a necessidade de maiores iniciativas:


“Conheço poucos eventos gratuitos. O AfroPython e o Django Girls são workshops de programação focados à comunidade negra e à comunidade feminina, respectivamente. Não consigo pensar em nenhum outro movimento do tipo focado a jogos.”



Cada indivíduo, independente de raça ou gênero, tem suas lutas pessoais, seus desenvolvimentos como profissionais, e muitas vezes fazem parte de uma luta maior. É o caso de qualquer profissional da indústria de jogos, que luta diariamente para maior inclusão do setor nos movimentos culturais e como mercado de desenvolvimento sustentável. Muito além disso está o profissional de jogos negro, que luta pelo reconhecimento não somente do setor, mas de si próprio inserido na sociedade.


“Muito orgulho por fazer parte da comunidade gaúcha de desenvolvedores de jogos, mas ao mesmo tempo ainda não é uma cena a ser comemorada, diante do número de negros na indústria local. Somos um reflexo de nossa sociedade que não reconhece totalmente a necessidade de determinados incentivos. Entretanto, reforço a importância da representatividade e sigo lutando e sendo voz para construir a indústria local com respeito, reflexão e conhecimento, tão necessários para uma sociedade justa e evoluída. Ainda há muito pelo que lutar, e muito a conquistar.”



reflete Guilherme Gonçalves, Diretor de Arte e sócio da Hermit Crab.


“Acho que, se não for possível estar engajado em ações sociais, pelo menos a gente tem que estar trabalhando e mostrando a cara. O simples fato de vermos pessoas com as quais nos identificamos fazendo trabalhos incríveis e ganhando sua notoriedade com isso já é super inspirador pra quem quer seguir o mesmo caminho.”



, adiciona Felipi. Por fim, Rodrigo completa:


“Entendo que o melhor que posso fazer é dar o exemplo, como acredito que se aplique para qualquer área de atuação: persistir, crescer, educar, gerar oportunidades, alcançar um sucesso associado à felicidade. Esse tipo de inspiração para as próximas gerações é a forma mais forte e natural de representatividade.”


Abragames e Selo da Diversidade






O Selo de Apoio e Incentivo à Diversidade é um instrumento criado para prestigiar e evidenciar ações relacionadas à produção de jogos no Brasil. Essas ações são entendidas como a realização de eventos e apoios a patrocínios que ajudem a difundir a cultura do respeito e da igualdade nos ambientes de estudo e trabalho da indústria de jogos em território nacional, através da oportunidade de inclusão dos grupos descritos aqui como minorias representativas.



O Selo está disponível nas categorias: Evento, Patrocínio, Empresas Associadas.

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Essa premiação está dividida em certificações relativas a cada grupo de minorias, e são elas: Diversidade de Gênero, Diversidade LGBTQI+, Diversidade Racial, Diversidade e Inclusão de Pessoa com Deficiência – PcD.



Saiba mais em: http://www.abragames.org/selo-da-diversidade.html



Redação: Mau Salamon


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